sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Google e os velhinhos digitais

Como seria se as campanhas norte-americanas mais icônicas fossem refeitas exclusivamente para a internet? Este questionamento levou o Google a criar o projeto Re:Brief, criado para ser exibido no Festival de Cannes. No seminário que se desenrolou nesta sexta-feira, no auditório Debussy, Harvy Garbor, Amil Gargano, a dupla Howie Cowen e Bob Pasqualina e Paula Green voltaram a ser estrelas da propaganda.

Os cinco publicitários são tidos como lendas. Respectivamente, foram responsáveis por dar consistência às marcas Coca-Cola, Volvo, Alka Seltzer e Avis. “Fiquei surpreso que alguém ainda se lembre do que fizemos em 1963”, contou o diretor de Arte Bob Pasqualina, ao descrever reação ao ser convidado para integrar o projeto. “Naquele tempo havia apenas a mídia de massa. Hoje, o desafio e enorme por causa da grande quantidade de informação que se tem para entender”, disse.

Re:Brief envolveu mais pessoas. Seguidas reuniões uniram a "velha guarda" aos atuais representantes das empresas e profissionais do Google para que nao houvesse distorções na apresentação do produto final. Parte dos encontros foi exibida no seminário como um convite à apresentação oficial, que acontece hoje às 19h. “Encontrar com o cliente cara a cara é bem diferente de falar por telefone. Não é porque conseguimos resolver problemas apertando um botão, que não vamos mais nos ver para discutir”, avaliou a redatora Paula Green.

A transformação das campanhas aconteceu com a ajuda do YouTube. Por meio de ferramentas de edição, foi possível renovar o formato clássico ao mesmo tempo em que os elementos antigos eram revitalizados. A trilha sonora de um dos vídeos remetia ao black sound de 1970. “A tecnologia realmente muda o jeito de contar uma história”, observou Pasqualina. Houve interação com os usuários durante a ação. Eles podiam enviar histórias com até 140 caracteres, que depois viravam video animado de 30 segundos.

Os publicitários deram tom nostálgico à palestra, relembrando quando dedicavam suas vidas à propaganda. “A atmosfera era diferente”, contou o redator Howie Cohen ao lembrar que a presença dos filhos dos publicitários nas agências tornava mais intenso e único o proceso criativo. Apesar disso, Amil Gargano considera que o modo como se pensa o briefing não sofreu alterações significativas. “As perguntas são sempre as mesmas: temos de saber do que estamos falando, onde chegar e como fazer”, explicou.

Para Paula Green, a evolução tecnológica em nada impacta a qualidade de um trabalho publicitário. “Se quiser uma boa propaganda, não importa qual tecnologia se usa”, resumiu. Ao avaliar o resultado do projeto, a redatora que revigorou a Avis na década de 1960 disse não ter se envolvido diretamente na elaboração dos trabalhos. Contou que sua principal função foi resgatar a essência da propaganda e garantir que o sentimento original não fosse perdido em meio a tantas discussões.

Houve conselhos também. Segundo os mais velhos, os aspirantes a publicitários devem, sobretudo, acreditar no trabalho que desenvolvem e buscar empresas e pessoas que os ajudem a deslanchar no mercado. “Não desistam”, incentivou Paula.

Veja o vídeo:


FONTE: AdNews, por Marcelo Cripa.

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